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Professor Marcos Rojo Rodrigues

Papo sobre Yoga com o professor Marcos Rojo do IEPY

O professor Marcos Rojo, sem dúvida é uma grande referência viva do Yoga no Brasil, principalmente no que diz respeito a pesquisa e divulgação científica, além da formação de professores através do IEPY (Instituto de Ensino e Pesquisas sobre Yoga).

O IEPY, além da família Rojo, formam o quadro de professores nos cursos de capacitação, pessoas muito importantes em suas áreas de atuação. São predominantemente pessoas com vasta bagagem no campo acadêmico, doutores e pesquisadores que atuam dentro dos mais importantes centros de pesquisas científicas como o Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital das Clínicas, a USP (Universidade de São Paulo) e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

É difícil citar alguns nomes e deixar outros de fora, mas temos planos de publicar um outro post contando mais sobre nossa experiência dentro do IEPY e como são organizados os cursos de capacitação.

Só para finalizar esta breve introdução, é importante citar a ligação direta entre o IEPY e o professor Marcos Rojo, com o Instituto Kaivalyadhama, que fica em Lonavla, na Índia. O Instituto Kaivalyadhama foi fundado por Swami Kuvalayananda com o intuito de estudar cientificamente as técnicas do Yoga. Hoje é um dos mais importantes centros de pesquisa e ensino da tradição do Yoga. Além disso em 2019, o IEPY foi o responsável por realizar o primeiro Simpósio Internacional em Yogaterapia em São Paulo onde foram debatidos e divulgadas pesquisas sobre Yogaterapia com grande foco na meditação, contando com a participação do Dr. Sat Bir Khalsa (Harvard EUA) e o Prof. Subodh (CEO de Kaivalyadhama).

Veja agora a entrevista com o Professor Marcos Rojo:

 

No momento, situados em abril de 2020, estamos convivendo com uma pandemia e necessidade de isolamento social. Como o Yoga pode ajudar nesse momento de tanta ansiedade e incertezas?

A única coisa que a gente pode colocar como comum nesse momento é isso que você bem citou. Nós estamos ansiosos pela incerteza do que vai acontecer depois disso, daí então o nosso medo de pegar o COVID-19, ou daquilo que vai acontecer depois da pandemia.

Mas o que Yoga propõe através de suas técnicas, e todas elas têm isso de comum, é o estado de presença, em manter a mente no que tá acontecendo aqui.

Ansiedade é querer resolver um problema que ainda não aconteceu. O que vai acontecer, a gente não sabe, como é que vai ser depois a gente não sabe. Então através das técnicas, colocando a mente no aqui e no agora, o que a gente faz é focar, livrando a mente desses estados de ansiedade, seja a técnica mais simples, seja o asana mais simples, ou seja a técnica mais complexa, um pranayama ou mesmo a prática meditativa. O que a gente vê através das práticas é o desenvolvimento desse estado de presença.

 

O Yoga, por sua capacidade de ser absorvido por culturas diferentes, ganhou um interesse crescente nas últimas décadas em todo o mundo e atualmente parece que veio para ficar. Ao mesmo tempo há um ônus nesse processo de “ocidentalização”, (que até mesmo a Índia vem enfrentando), da predominância do aspecto físico. Muitas pessoas acreditam que avançam na prática do Yoga à medida em que conseguem realizar posturas mais difíceis. O que o Sr. pode comentar a respeito disso?

Quando o Yoga chega no Ocidente, ele recebe valores da cultura do Ocidente… E no Ocidente quando nós trabalhamos com o corpo, em geral trabalhamos por estética.

Hoje muitas vezes a gente encontra pessoas indo às academias porque estão atrás de saúde, mas ainda a grande motivação das pessoas ao trabalho físico é estética… E aí quando o Yoga chega no Ocidente, ele também recebe esse tipo de valor, então começamos a pensar o Yoga como estética.

Estética não é só afinar o corpo, não é só modelar o corpo. Estética também no sentido competitivo, no sentido de desenvolvimento de habilidades extraordinárias como demonstração: “Olha o que eu sei fazer”… Enfim, não são valores de onde vem o Yoga.

O Yoga vê o corpo como uma estratégia para aquisição de experiências que são importantes no caminho da meditação… Caminho da meditação, que chamamos de caminho espiritual.

Então são ferramentas que o Yoga propõe. O corpo é a primeira delas, para que a gente trabalhando com essas ferramentas, consiga modificar o padrão mental. Mas é comum que na cultura que o Yoga chega, ele recebe elementos. O Yoga passa pelo Tibet, o Tantrismo passa pelo Tibet e recebe elementos daquela cultura, então existe o Tantrismo Tibetano, enfim, o Yoga vai passando por outras culturas e vai recebendo elementos dessas culturas. Na nossa ele se “ginasticalizou” em muitas vezes. E isto é uma perda, porque o Yoga é muito mais do que um trabalho puramente físico.

 

Pensando nas origens da prática, o Yoga vem de uma cultura onde o sistema de classes perdura até hoje. Originalmente, era praticado somente por homens, da casta sacerdotal mais elevada. Atualmente, apesar de toda democratização, o Yoga ainda não é comumente visto nas comunidades e nas classes mais carentes. Gostaríamos da sua visão professor, sobre esse cenário, pontuando Brasil e mundo se desejar.

Na verdade não é bem assim… O Yoga era da contracultura. O Yoga era da floresta e ele combatia esses elementos predominantes também na cultura bramânica, ou seja, o sacerdote é aquele que tem o poder de lhe dar o mantra, o sacerdote é aquele que tem o poder de abrir os caminhos espirituais, o sacerdote é aquele que leva você para a comunhão,  o estado de integração.

Mas o Yoga vem de uma outra forma dizendo e negando isto, que quem é o responsável por sua evolução espiritual é você. O Yoga vem da floresta e ele é da contracultura. Há um momento histórico em que o Yoga se aproxima, vendo que os brâmanes não conseguem combater, eles então assumem o Yoga. Existem momentos diferentes da história. Sem dúvida nenhuma, vocês estão corretos quando dizem que o Yoga, quando chega no ocidente também, ele é praticado por uma classe mais privilegiada.

Nós temos feito alguns esforços para levar o Yoga para todas as classes. O Yoga já pertence a uma classe que tem mais acesso a cultura e também a parte financeira, mas nós temos desenvolvido projetos em comunidades, projetos com moradores de rua, projetos no amparo maternal em hospitais, tentando levar o Yoga.

Existem muitos fazendo isto em São Paulo e fora de São Paulo. É uma ideia importante para aqueles que estudam Yoga, democratizar esse tipo de técnica, esse tipo de abordagem. Obviamente ele começou como um produto para classes um pouco mais favorecidas no sentido financeiro, mas vai melhorando.

Eu vejo com otimismo que o Yoga vai chegar a todas as culturas, todas as classes. Hoje o SUS (Sistema Único de Saúde) admite o Yoga como uma das disciplinas dos cuidados integrativos, ou seja, também começa a oferecer… Ainda é modesto, mas começa a oferecer o Yoga para todas as categorias, de forma gratuita inclusive.

 

O Sr. coordena o IEPY (Instituto de Ensino e Pesquisa sobre Yoga), que forma muitos alunos certificados também por Kaivalyadhama, que é um dos centros de pesquisas científicas mais antigos e mais importantes do mundo, em relação a prática do Yoga. Qual o papel da ciência dentro do Yoga?

Hoje no Brasil nossas pesquisas ainda são modestas, mas temos feito pesquisas e desenvolvendo trabalhos, às vezes com apoio financeiro, às vezes com publicação de artigos, às vezes oferecendo materiais com pessoas muito importantes. Trabalhos de pesquisas já que aconteceram no Hospital Israelita Albert Einstein e outras pesquisas que vão acontecendo, também no Hospital das Clínicas… Enfim, nós participamos e colaboramos com essas pesquisas e isto é parte do Instituto, do IEPY. Porque o Yoga tem que ser colocado segundo o mestre de Swami Kuvalayananda, Sri Madhavadas, ele dizia:

“…o Yoga tem que chegar no Ocidente e tem que ser comunicado na linguagem em ocidental, provando seus benefícios de acordo com as ciências ocidentais, porque nós estamos muito distantes daquela cultura e daquilo que nós chamamos hoje de anatomia sutil. Conceitos de anatomia, que pertencem a um outro universo e que nós não compreendemos muito bem, e que são muito difíceis de serem colocados em laboratório.”

É muito difícil falar dos chakras, falar dos nadis ou falar de kundalini, sem que nós tenhamos a experiência, sem que isto pertença a nossa cultura e sem que consigamos provar isso em laboratório. Então já no século XIX, este grande mestre Madhavadas, já motivava Swami Kuvalayananda, que funda o Instituto Kaivalyadhama em 1924, a começar a pesquisar o Yoga e fazer com que o Yoga pudesse ter credibilidade de acordo com as ciências sociais.

 

Hoje a meditação não é exclusividade de tradições e religiões. Ela é usada como ferramenta de foco por exemplo, por atletas, psicólogos, agnósticos, cristãos, espíritas, empresários. Existe também um enorme interesse científico sobre a transformação psico-fisiológica adquirida através da meditação, com milhares de pesquisas e artigos publicados comprovando benefícios. Ainda assim o Yoga e a meditação são vistas como práticas separadas, por quê?

O Yoga ficou desvinculado da meditação porque se tornou muito atraente pelos seus aspectos físicos e assim que chega no acidente, como dissemos anteriormente, o que atrai as pessoas para a prática, é muitas vezes o desenvolvimento de habilidades físicas, qualidades físicas, o desenvolvimento de equilíbrio, de força, de flexibilidade, ou flexibilidade extraordinária.

Mas estes são aspectos secundários do Yoga. Aquilo que é mais importante no Yoga é a meditação. O Yoga por definição é meditação, mas ele é mal compreendido quando chega no Ocidente e colocado como técnicas puramente corporais, com objetivos mais físicos do que propriamente espirituais.

No início, o Yoga sempre foi praticado nos monastérios com objetivos espirituais. Hoje raramente alguém vai a uma academia de Yoga por objetivos espirituais. Busca-se o Yoga por objetivos físicos e mentais…e isso está muito bem, não é errado, não há um problema nisso. O problema é se esquecer de que o Yoga é muito mais do que isso, o Yoga é esse estado de integração com o todo, este estado de união com aquilo que é a nossa verdadeira essência.

Ainda que você faça uma técnica muito simples, por mais simples que seja o asana, a gente não pode se esquecer desse objetivo. E o Yoga se desconectou disso mas agora pouco a pouco o Yoga vai retomando o seu lugar original, colocando a meditação como o objetivo, o ponto mais importante.

Pense que Yoga pode ser entendido como meio e como um fim.

O Yoga como um meio, são as técnicas que nós nos utilizamos para atingir o fim.
O Yoga como um fim, é a aquisição deste estado de integração, este estado de união.

 

Pegando o gancho da sua resposta à pergunta anterior, há pessoas que gostam muito da prática de asanas, ou seja, das posturas do Yoga, mas não se interessam tanto pelas práticas de exercícios respiratórios, pranayamas e a meditação, por acharem monótonas. É possível dizer que se pratica Yoga apenas realizando as posturas com regularidade? 

Se fazem com regularidade sim. Dizia o professor Garothe:

“seja qual for a parte do Yoga que você toca, você está praticando Yoga”

Ou seja ,se eu estou fazendo um exercício de limpeza nasal (Jala-neti), eu estou fazendo Yoga, se eu estou me preocupando com minhas atitudes, tentando seguir o que o Yoga chama de Yamas e Niyamas, eu estou praticando Yoga, se eu estou fazendo asanas estou praticando Yoga, se eu estou fazendo meditação, eu estou praticando Yoga.

Seja qual for a parte que nós tocamos, isto é considerado Yoga. Então eu não preciso me interessar pelo sistema todo.

Swami Kuvalayananda dizia que o Yoga tem uma mensagem para o corpo, para a mente e para a alma e você começa por onde você acha que tem que começar. É papel daquele que instrui, é papel do professor de Yoga, mostrar a amplitude das técnicas, amplitude deste universo do Yoga, mesmo que a pessoa se interesse por outro aspecto.

Apostamos, aqueles que trabalham com Yoga, professores de Yoga, que com o tempo as pessoas vão modificando os seus interesses, vão modificando a sua busca, é natural.
E é natural começar pelo corpo.

 

A mídia mostra, especialmente aqui no Ocidente, uma gama de “estilos de Yoga”, com diferentes níveis e imagens de alta flexibilidade que dão apelo ao Yoga como algo para poucos. O discurso do Espaço Marcos Rojo e do IEPY é de um “Yoga mais raiz”, clássico e para todos. O que faz do Yoga (ensinado aos seus alunos e aos professores no curso de formação de sua coordenadoria), uma prática segura para todas as idades, corpos e limitações (ex: gestantes, hipertensos ou pessoas com algum problema de alguma ordem na coluna)?

 

O enfoque do nosso instituto é trabalhar com o Yoga tradicional. O Yoga tradicional, aquele descrito em literatura clássica de Hatha Yoga, como o Hatha Pradipika, o Gheranda Samhita, eles dizem: o Yoga é para todos! É para o jovem, para o idoso, é para homem, é para mulher, para os que estão bem de saúde, os saudáveis… E para aqueles que tenham um problema de saúde, ou seja, todos podem praticar o Yoga.

O Yoga não tem contraindicação para ninguém, o que o Yoga tem são adaptações. Não existe contraindicação para este estado que nós chamamos de Yoga, ou seja, esse estado de foco, de presença, este é um estado saudável.

O que a gente tem é que adaptar algumas técnicas para algumas condições. Gestantes por exemplo, portadores de problemas de coluna não podem fazer qualquer técnica, eles devem ser orientados e nós substituímos aquela técnica por uma outra técnica. Ou seja, todos podem fazer Yoga.

As diferentes linhas e correntes que chegaram no acidente e tem um aspecto um pouco mais físico, entraram nisso porque isso se tornou atraente, naquele momento. Não necessariamente é ruim, mas às vezes fixa o aluno nesse princípio, neste começo do Yoga, que é o Yoga mais voltado para ação do corpo, esquecendo-se que o caminho ainda passa por outras técnicas um pouco mais avançadas.

 

O Sr. visita a Índia há mais de 30 anos. Quais transformações importantes têm acompanhado ao longo desse tempo em relação ao Yoga, do ponto de vista daquele país?

O que a gente diz é que o Yoga também não precisou chegar no Ocidente para se modificar, ele também se modificou na própria Índia. A própria colonização inglesa já foi fazendo com que houvesse uma mistura, uma mescla de técnicas de Yoga, com os sistemas de ginástica que eram adotadas pelos ingleses, aquelas ginásticas calistênicas, aquelas ginásticas dadas em grupo. E o Yoga acaba assimilando muito destas técnicas, destas formas de se trabalhar com corpo, e ali ele já começa a se modificar.

Então mesmo no começo do século XX, o Yoga na própria Índia começa a ter uma modificação. Lembre-se que o Yoga era ensinado inicialmente nos monastérios, nos Ashrams, para pessoas que tinham o interesse específico e seguiam (eram pequenos grupos) um determinado mestre.

Depois, o próprio Swami Kuvalayananda é um dos responsáveis por isso, o Yoga se torna objeto de práticas de grupos grandes, então daí a necessidade de se sistematizar o Yoga para que ele possa ser ensinado com segurança, critério, sem prejuízo das suas origens.

É justamente nessa passagem, nesse ponto que algumas escolas, mesmo na própria Índia, se perdem um pouco e que começam a modificar o seu padrão de prática, tornando as práticas um pouco mais ginásticas, ou seja, “ginasticalizando” o Yoga. Isto acontece na própria Índia e a gente pode observar.

Hoje achar a tradição na própria Índia é um trabalho que precisa ser feito com cuidado, porque nós vamos buscar na Índia achando que lá só existe a tradição, mas não tem. Tem muita modernização também do Yoga. Isso vai acontecendo porque também atrai estrangeiros que vão buscar na Índia seus diplomas, porque tem essa ideia de que o diploma é indiano, então provavelmente ele tem muito mais “status” por conta de ser de um outro país, enfim, do país de origem. Mas tem que buscar na Índia a tradição, porque mesmo lá, também o Yoga se modifica.

A Índia se moderniza, vai se tornando uma potência econômica e tudo se transforma dentro da própria Índia. Confesso que eu gosto muito mais da Índia que eu conheci em 1979 do que a Índia que eu vejo nos dias de hoje, a Índia moderna. Mas é claro que o indiano também quer ter acesso às modernidades e isto tem que ser bem entendido.

 

Qual (ou quais) livro (s) costuma recomendar para iniciantes na prática?

Na verdade nós começamos a estimular a tradução e publicação de livros de estudos, nossos livros, os livros que nós editamos, ou são traduções de livros técnicos da escola de Kaivalyadhama, ou são publicações que nós fizemos também de um caráter um pouco mais acadêmico, de estudos e pesquisas.

Recomendo muito todos os livros (e esses são muito bons para principiantes) do professor Hermógenes. O professor Hermógenes publicou uma série de livros e eu acho que ainda é fácil de encontrar… E ele, um professor brasileiro, autodidata e que tem uma obra muito boa, muito segura, fácil e muito agradável de se ler.

Existe um livro editado pela Associação Palas Athena que se chama Yoga, Imortalidade e Liberdade, também é um clássico de Yoga, não diria que é um livro para iniciantes mas é um bom livro para quem quer entender profundamente o Yoga. Nesse caso eu insisto, também é um livro de estudos, é um livro que a gente tem que ler aos pouquinhos e refletir sobre aquilo que está lendo.

Nós temos o interesse e a intenção de colocarmos livros um pouco mais populares, um pouco mais acessíveis que não sejam livros tão acadêmicos, também no mercado. isso não deve demorar muito para acontecer.

 

Existe um momento em que se pode identificar, como praticante ativo, que está mais estabilizado ou progredindo verdadeiramente dentro do Yoga?

A partir do momento que você tem um interesse e começa a praticar com regularidade, mas regularidade não é assim uma vez por semana, uma vez por ano… Com regularidade quer dizer: todo dia. A partir do momento que você tem interesse, você pode se colocar como praticante ativo. É claro que nós temos ciclos, existem momentos em que nós estamos mais envolvidos com a leitura, com estudo, com a prática e existem momentos que nós estamos um pouco mais distantes.

Mas nunca devemos abandonar completamente, ou seja, eu intensifico mais minha prática porque tenho mais tempo ou porque estou mais motivado, ou mantenho às vezes a prática em um padrão mínimo de execução, de estudo.

Mas o que é o praticante ativo? É aquele que tem o real interesse pela prática. Quando a gente diz prática, não é necessariamente a prática de asanas. Isso também, mas aquela prática das atitudes e preceitos que são colocados logo no início dos capítulos de Yoga, ou seja, toda vez que você busca uma atitude de não-violência, de verdade, de contentamento, tudo isso já é uma prática de Yoga. Se isto pertence ao seu universo das atividades do seu dia a dia, então você é um praticante ativo.

 

A pandemia do Covid-19 abriu verdadeiras oportunidades para ensino à distância. O Espaço Marcos Rojo e seus professores (a família Rojo), tem apresentado nas redes sociais, aulas diárias durante a semana, tanto aos seus alunos, bem como público em geral. Quais são os objetivos dessas aulas para as pessoas que estão em quarentena?

O IEPY (Instituto de Ensino e Pesquisas em Yoga), assim que começou a quarentena, percebendo a atitude generosa de vários segmentos, oferecendo para as comunidades, para as pessoas de forma livre, práticas de educação física, dança, enfim… Cantores que colocavam suas lives também à disposição para que as pessoas pudessem assistir sem custo nenhum, nós logo pensamos no que que a gente poderia oferecer para ajudar as pessoas nesse período de pandemia.

Tivemos a ideia de lançar aulas de Yoga diariamente. E para nossa alegria o maior público era público de não praticantes ou pessoas que praticaram há muito tempo atrás e já estavam desvinculados da prática, da sequência da prática regular. Então nós percebemos que isso ajudou muita gente nesse sentido de manter o foco, de tentar tirar a mente das preocupações, de coisas que a gente não sabe ainda como vão acontecer. As respostas foram muito carinhosas, as pessoas nos mandavam mensagens muito carinhosas e isso nos motivou a continuar.

A nossa ideia era um período realmente de quarentena fizermos isto por sete semanas, foram 42 dias de aula, de manhã com o Marcus, meu filho, aulas todos os dias e à tarde nós mantivemos as aulas às 17 horas, de segunda até sexta-feira. Nós vamos continuar, pelo interesse que houve, pelo carinho das pessoas, mas mudando um pouquinho, agora num outro formato. Nós vamos oferecer três vezes semana. Segundas, quartas e sextas no final do dia, às 17 horas e de manhã às 8 horas, nas terças e quintas.

Ou seja, ainda vamos continuar oferecendo diariamente, mas não com tantas oportunidades, com tantos horários. As nossas aulas eram de uma hora, vão passar a ser de 40 minutos. E o que nos motivou foi realmente o fato de ajudar as pessoas, num novo estilo de vida, ficando em casa, para que eles pudessem ter um momento de relaxamento, um momento pessoal de prática, de controle, de observação… E foi muito bom, deu muito certo.

Em paralelo a isso começamos a oferecer também aulas por outro sistema, um aplicativo chamado zoom, acompanhando os alunos, onde nós podemos progredir oferecendo técnicas um pouco mais apuradas, como pranayamas, bandhas e mudras, porque pelo Instagram a gente não vê os alunos, então as práticas sempre são muito simples. Mas nem por serem simples são menos eficientes, são muito boas, são práticas bastante eficientes. Mas para aqueles que estão praticando e querem dar um passo adiante então nós começamos a oferecer também aulas pelo zoom. Foram muito bem aceitas e percebemos um universo que até então nós não percebíamos, aulas à distância… E parece que isso é uma realidade que vem para ficar.

 

Qual mensagem gostaria de deixar para aqueles que nos leem, que querem começar a praticar, mas vivem em regiões carentes de professores.

Eu acho que não só nós do IEPY, mas todos os professores acabaram descobrindo este poder, essa eficientíssima ferramenta que nós temos agora para oferecer o Yoga à distância. Os professores vão começar a oferecer aulas, seguramente todos os professores, em horários variados, preços variados e seguramente as pessoas vão poder escolher o que elas querem seguir, que técnicas, enfim… Um novo ciclo.

Se o Yoga antigamente era ensinado em salas muito fechadas, na verdade em monastérios, onde havia uma relação muito próxima do guru com seu discípulo, depois vem o período de salas de aula, onde o professor ensina para grupos e as práticas tem que ser moldadas para que sejam seguras, agora também nós estamos vislumbrando um outro aspecto, uma outra fase, que são aulas à distância em que nós também podemos observar os alunos. Sem dúvida nenhuma nada vai ocupar o lugar da presença, ou seja, aquela aula presencial onde não só o professor observe o aluno, observa o grupo, mas ele sente o grupo pela própria sintonia que se cria durante a aula. Isso nós nunca vamos conseguir criar à distância, mas é muito melhor que se faça uma aula à distância do que não fazer nada.

Então os professores estão se adaptando. Tem que se fazer com que as técnicas sejam seguras, que a gente não proponha para os alunos, mesmo sendo à distância, aquilo que a gente não tem segurança se eles podem fazer. Quando é ao vivo nós estamos um pouco mais atentos. Mas estamos aprendendo, então acho que existe todo um horizonte para levar o Yoga muito mais longe agora a distância.

 

Se você gostou e deseja acompanhar o trabalho do IEPY ou do professor Marcos Rojo, acesse o site https://marcosrojo.com.br ou o procure nas redes sociais (Youtube, Facebook e Instagram).

10 comentários em “Papo sobre Yoga com o professor Marcos Rojo do IEPY”

  1. Lisa Ferraz de Campos

    Marcos Rojo, sua família e suas aulas estão sendo um bálsamo nestes tempos. Muito obrigada queridos.

    1. Nós é que agradecemos Lisa. A família Rojo sem dúvida faz um belo trabalho, sobretudo contribuiu com a quarentena de muitos. Obrigado!

    1. Sem dúvida, o Marcos é muito sábio, porém simples e cirúrgico nas palavras. Obrigado pela mensagem Sandra, namastê!

  2. Elizete Regina Vieira Siécola

    Que família maravilhosa ,estão todos de parabéns ,muita luz para todos ️Namastê

  3. Família Rojo trouxe equilíbrio pra enfrentar esse momento, já praticante de yoga há mais de 20 anos mas sem assiduidade, gratidão pelo momento de caminhar juntos!

  4. O Prof. Marcos Rojo e sua família têm capacidade de transformar a quarentena em oportunidade de crescimento. Aulas com conhecimento e técnica, sem firulas.

  5. Boa noite! Professor e gde Mestre já o conheço da FMU. Só quero deixar um gde abraço e dizer para o senhor que és como o SOL ” MESMO DISTANTE ELE EXISTE” Obgdo pelos seus ensinamentos.
    Namaste

Comentários encerrados.

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